quarta-feira, 1 de julho de 2009

EMPALADO

Na dor de não te ver
Fito com olhos mortos
O ermo toque da tua ausência.
A minha essência escorre
Para o solo, negro,
Que absorve, lânguido e
Com absoluta indiferença.
Ouço, apenas, a tua lâmina
Cortando-me por dentro,
Recortando no meu ser
Labirintos de sofrimento.

Quero afagar-te, rosa, até que uma gota de rubi emoldure o meu gesto vão.


(Carcavelos, 2001)

8 comentários:

  1. Lindo. Não abraçes uma rosa até te ferires...

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  2. Muitas vezes, sinto que o risco de dor, por maior que seja, é mais apetecível que a privação da beleza de uma maravilhosa rosa.

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  3. A beleza de uma rosa pode ser olhada, ouvida, cheirada e, quiça, tragada... quanto ao toque, à entrega total da nossa pele, cautela.

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  4. Nunca te atiraste, na certeza do abismo por detrás de uma roseira cherosa e doce?

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  5. Sim, em tempos, muitas vezes, e nem por isso a rosa era cheirosa e doce... o abismo era certeiro. E tudo são coisas que acontecem.

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  6. Enquanto te afogas..eu luto pelo respirar de um prazer embriagante...
    Gostei daqui...é tudo tao...alto...barulhento...vivo... :o)

    Bjs

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  7. Anja, obrigado por teres desviado o teu vôo celestial para comentares nesta linha de água...

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  8. Tão belo poema!

    "Fito com olhos mortos
    O ermo toque da tua ausência."

    Gostei muito desses versos!

    Beijinhos

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