quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Fim

Na paisagem serena do fim
Um vento quente me envolve
Com aromas de nostalgias
E o sentir que se dissolve.

No pó do que outrora
Foi montanha sobranceira
Por Lavoisier e “Tao“
Consumida por inteira
Em erosão de mentiras
E traições, que neste ver
Se nivelam em brincadeira.

Agora a luz de anã
Nada aquece, mas ainda
Brilha, como eterna
Flama fria, que
Só se extinguirá
Cumprindo sua sina
Que a ceifeira levará.

E foi em ti que descobri
O que é sentir Amor
Sem literatura
Sem cobrança
Sem mesura a trinar
Sem esperança a alcançar.

domingo, 15 de novembro de 2009

O Olho

Como me trespassas de emoções,
Neste louco desvario sentido,
Que julgas serem fruto, ilusões,
De medo e perda de amor sofrido.

Embaídas, tens tuas opiniões.
Pois a causa do inane alarido
É a certeza de dois corações
Que emanam um sentir unido.

Sentir teu toque na noite quente
Roçando o beiral do abismo
Foi prova chorada e potente

De que comigo queres ficar
E, passando este longo sismo,
Um novo lindo amor terá lugar (?).


(Charneca de Caparica, 2009)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Crueldade

Arranhas me o coração
Com garras de nojo e fel
E sacodes o teu papel
Na minha ímpia degradação

Sou barro crivado de sal
Cujo toque chagas abre
Fio sangrento do meu sabre
Ardendo em espasmos de mal

Sei que mil vezes morrerei
P’ra teu doce travo sentir
Por seda, ferrões sofrerei

E, se das trevas não subir
Laços de dor enviarei
E a meu lado te ver cair

(Charneca de Caparica, 2009)