sexta-feira, 24 de julho de 2009

À lupa

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abismodesalojadodaminhasensibilidade ampliocomoumamágoaaliberdadedesentiroquedespontadaloucuradetermente

(Boston, 2002)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A tempestade

Recortada na alva neblina
Perscruto, suave e lânguido,
Sinais do sentimento perdido,
Algo... em teu olhar de felina.

Salgado e só, navego à bolina
Com o altivo mastro partido
Contra a dor do vento temido:
Tua indiferença de menina.

Irai, ó espumas de sofrimento
Pois minha quilha não vergará mais
Sonhai com ondas de sentimento

Montanhosas, danadas, animais,
Dilacerando o negro momento
Mágoa, olhos, líquido... e sais.

(Carcavelos, 2003)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Sol por entre agulhas...

Viajando na tundra do teu regaço
Lamparina exangue do meu sentir
Autoria de imensa liberdade
Sinfónica e profunda alegria

Enganando o sonho de folia
Sentindo a maresia salgada
Pleno de sentido, som sumido
de magia antiga, ritualizada

Sinto-me o deus das coisas que vemos...

(Figueira da Foz, 2004)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A luminosidade do mar
Desperta-me, e alonga, em mim
Uma súbita percepção
De prata e retorcido latão.

Enferrujando por dentro
(oxidação de alma só...)
Perpetuo a limalha de pestanejar,
Absorvo a lágrima, escura e fria.

E na oblíqua luz me perco
Sem remédio e sem perdão.


(Carcavelos, 2003)

domingo, 5 de julho de 2009

Dói-me
O suave brilho da sua alma
Quando a sacra luz que emite
Não incide sobre mim.

Dóis-me
No eco das tuas palavras
Escoando
em crescente intensidade
(improvável eco exponencial)
Nas cavernas das minhas tempestades

Magoas-me
Com afiadas carícias,
Provindas do teu revolto ser
(Profundas, negras,... penetram-me)
Com o rebentar das ondas de variação
do teu corpo mulher

[Matas-me porque te adoro
E com esta morte, posso eu bem
Pois, como disse alguém
“O inferno... é já não amar”]

(Carcavelos, 2003)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

EMPALADO

Na dor de não te ver
Fito com olhos mortos
O ermo toque da tua ausência.
A minha essência escorre
Para o solo, negro,
Que absorve, lânguido e
Com absoluta indiferença.
Ouço, apenas, a tua lâmina
Cortando-me por dentro,
Recortando no meu ser
Labirintos de sofrimento.

Quero afagar-te, rosa, até que uma gota de rubi emoldure o meu gesto vão.


(Carcavelos, 2001)